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"Sinto que não tenho um propósito de vida"

  • Foto do escritor: Sofia Lima
    Sofia Lima
  • 11 de mai.
  • 4 min de leitura

Por que mulheres bem-sucedidas continuam se sentindo vazias mesmo depois de alcançar tudo o que era esperado delas?

Uma mulher sentada de frente para uma janela, com uma mão na cabeça e olhos fechados, expressão de tristeza. Ao lado o título "Sentimento de falta de propósito de vida" e o endereço do site abaixo www.sofialima.com

Você estudou, trabalhou, conquistou sua independência, seguiu o roteiro que te prometeram. E ainda assim, em silêncio, pergunta: “É só isso?”


Se essa pergunta ecoa dentro de você, saiba que não é fraqueza. É um sinal de que chegou a hora de mudar a pergunta. Não mais "o que eu quero fazer da vida?", mas sim: "quem eu sou quando o barulho acaba?"


Quando o sucesso cansa


Em um mundo que associa valor pessoal a performance, muitas mulheres bem-sucedidas estão silenciosamente exaustas. Não pela falta de realizações, mas pela ausência de sentido.


A pressão para performar, ser admirada, ser desejável, manter o autocontrole, dar conta de tudo e de todos... tudo isso cria uma persona eficiente, mas desconectada da alma. A vida se transforma em uma sequência de entregas sem entrega real.


Segundo o filósofo existencialista Søren Kierkegaard, "a forma mais profunda de desespero é escolher ser outra pessoa, além de você mesma". E é exatamente isso que acontece quando vivemos o roteiro alheio esperando um sentido que nunca vem.


O roteiro invisível que comanda sua vida


Desde a infância, aprendemos que viver "certo" é seguir um roteiro: estudar, fazer uma boa faculdade, conseguir um bom trabalho, casar, ter filhos, comprar uma casa, viajar nas férias e, quem sabe, se aposentar cedo. Esse script, reforçado pelas famílias e pela cultura, é uma forma sutil de normatização. Mas o problema é que ele quase nunca inclui o "ser" – apenas o "fazer" e o "ter".


Por isso tantas mulheres atingem o topo do roteiro social e se sentem profundamente deslocadas. Porque o que deveria ser realização vira um lugar de exaustão emocional e desconexão interna.


De onde vem, então, o propósito de vida?


O propósito não é uma ideia externa, um cargo, um estilo de vida ou um projeto que imita o que deu certo pra outra pessoa. Ele é um chamado interior.


Mas como ouvir esse chamado se estamos o tempo todo ocupadas, distraídas e conectadas com tudo, menos com a gente?


Segundo dados de neurociência, o uso excessivo de tecnologia tem reduzido a atividade das regiões emocionais do cérebro, como a amígdala. O resultado é um entorpecimento emocional. Em outras palavras, perdemos a capacidade de sentir com profundidade. E se não sentimos, não sabemos o que faz sentido.


O ciclo da distração e o vazio silencioso


Vivemos de fora pra dentro. Consumimos opiniões, estíticas, metas, métodos. Tudo parece nos ensinar a como ser melhor, mais rápida, mais eficiente. Mas o que quase nunca nos é ensinado é a parar. A escutar. A fazer menos, pra sentir mais.


Termos como antiwork e Sigma grindset ganharam espaço na internet. O movimento antiwork critica a ideia de que nossa identidade deve girar em torno do trabalho.


Já o Sigma grindset exalta uma mentalidade de superação extrema, produtividade incessante e autossuficiência como único caminho para o sucesso.


Embora pareçam opostos, ambos refletem uma mesma angústia: a falta de um sentido verdadeiro.


E até os que seguem o movimento FIRE ("Financial Independence, Retire Early") – que busca a liberdade financeira para aposentar-se mais cedo – muitas vezes descobrem, após anos de sacrifício, que a tal "vida plena" não estava no fim da linha, mas no caminho não vivido.


Silêncio: o portal da escuta interna


Num mundo que idolatra a performance, o silêncio se torna revolucionário.

No silêncio não há a quem agradar. Não há metas. Há apenas você. Com suas verdades, desejos, sombras e contradições.


E é nesse espaço que algo novo pode surgir. Uma sensação de compaixão. Um desejo autêntico. Uma dor esquecida. Uma lembrança de quem você sempre foi, mas estava soterrada sob camadas de excelência.


O que impede tantas mulheres de encontrarem esse lugar?


  1. Viver para agradar e ser aceita: a identidade se molda ao olhar do outro. E perde a potência.

  2. Buscar carreira antes de ouvir o chamado interno: vocação não é cargo; é combustão.

  3. Fugir do desconforto e do risco: mas é a dor da busca que abre o caminho.

  4. Rejeitar o lado sombrio: como disse Carl Jung, “o que você não torna consciente, se torna seu destino”.

  5. Justificar demais, agir de menos: a vida não muda por argumentos, mas por movimento.


Encontrar seu propósito não é sobre começar algo novo. É sobre parar de fingir.


Quando você pára de se ocupar apenas com a performance, surge espaço para a escuta.

Quando você acolhe o desconforto, em vez de fugir dele, descobre um mapa.

Quando você se permite estar com você, sem metas nem metas sobre metas, pode enfim encontrar aquilo que realmente é seu.


Como disse Mark Twain: "os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasce e o dia em que descobre o porquê."


Se você sente que já conquistou tudo o que esperavam de você, mas ainda não encontrou a si mesma, talvez esse seja o verdadeiro início.


Não é tarde. Nunca é tarde para parar, escutar e se permitir viver por inteiro.






Fontes:

  • Kierkegaard, Søren. The Sickness Unto Death (1849)

  • Jung, Carl G. O Eu e o Inconsciente. Vozes, 1981.

  • Mark Twain (atribuição popular)

  • Estudos sobre o uso de tecnologia e o entorpecimento emocional: Twenge, J. M. et al. (2019). "Increases in Depression and Suicide Linked to Screen Time". Journal of Abnormal Psychology.

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Atenção: Se você estiver em crise, com ideação ou planejamento suicida, ligue para o Centro de Valorização da Vida - CVV (188). Em caso de emergência, procure o hospital mais próximo. Havendo risco de morte, ligue imediatamente para o SAMU (192), ou para o Corpo de Bombeiros (193).

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