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Foto do escritorSofia Lima

Mente Vazia, Oficina Divina


Meditação e Mindfulness


Muitas pessoas já ouviram falar sobre meditação e até têm vontade de começar a meditar, mas acreditam não serem capazes ou que não fazem o “perfil” de alguém que medita.

A verdade é que a meditação é para todos e, neste post, iremos desmistificar a meditação, além de trazermos técnicas e dicas para que você possa conhecer melhor este maravilhoso instrumento e comece, hoje mesmo, a praticar a meditação em casa.


Diferenças entre conceitos


Para começar, precisamos esclarecer a diferença entre mindfulness e meditação.

Mindfulness é uma palavra em inglês que significa atenção plena ou consciência plena. Se origina na palavra SATI, que no satipatthana sutta do budismo, significa “manter a consciência da realidade, onde a verdadeira natureza dos fenômenos pode ser vista”. Mindfulness é, portanto, um estado mental de atenção consciente e intencional do que se passa no momento presente e a todo momento na sua realidade: o que sente o seu corpo, como se movimenta, o que está fazendo, quais sentimentos ocorrem e quais pensamentos se passam. Além disso, mindfulness também é o exercício do estado de observador da realidade, um treinamento de controle dos processos atencionais do nosso organismo.


Já a meditação é um termo que nomeia diversas práticas, inclusive a de mindfulness. A meditação pode ser a prática de se sentar em uma postura específica e deixar florescer o sentimento de entrega ao divino, mas também pode ser o exercício de concentração na respiração, em uma sensação ou em um objeto — que não precisa ser concreto, mas também imaginado. Muitos cristãos também designam meditação como a prática de se aquietar e refletir sobre sua conduta e seus pecados, renovando o desejo de se purificar e continuar o caminho com Deus. Já para os budistas zen, por exemplo, a meditação é a prática de se sentar virado para a parede, em uma postura chamada zazen, com os olhos semicerrados, um leve sorriso no rosto e a atenção voltada à respiração.


Para que meditar?


meditação não é sobre os benefícios que você pode adquirir, eles são consequência. Meditar é treinar a resiliência. Com a prática constante, você aprende a sustentar com maior tranquilidade um estado físico incômodo, a aceitar melhor as coisas que não acontecem como você gostaria e a estar em paz mesmo com todo o barulho exterior e com toda dificuldade. Meditar é descobrir que a felicidade está na paz de espírito, que não precisamos de absolutamente nada para existir. É retirar do caminho os obstáculos que colocamos em nossa vida e nos impedem de fluir e se colocar num estado de solo fértil que permite germinar dentro de si amorosidade, generosidade e sentimentos de quietude, de paz, de ordem, de humildade e de resistência. É uma prática que nos ajuda a crescer e amadurecer.


Não consigo parar de pensar!


Parece difícil? A princípio, pode até parecer. Nós, ocidentais, temos certa dificuldade em fazer algo por fazer. Temos a cultura do resultado, do objetivo. Muita gente descobre e começa a meditar porque ajuda na concentração e na produtividade. Porém, o mais bonito da meditação é simplesmente meditar, a atitude que tem um fim em si mesmo. Quando a gente medita com o objetivo de meditar, o sentimento é de realização. Não é preciso mais do que isso. Parar por um momento para observar a delícia de simplesmente existir. Não parece incrível?


“Mas eu não consigo parar de pensar!”. Aqui a chegamos ao que, talvez, seja o ponto mais importante: se você consegue observar que está pensando o tempo todo, isso já é meditação. Um dos maiores mitos sobre meditação é de que é preciso parar de pensar, algo até possível a alguns praticantes mais avançados, mas o que importa é que você simplesmente consiga perceber e se dar conta do que a mente pensa. Que pensamentos surgem? E o que você sente enquanto eles surgem? Por exemplo: pode surgir uma certa raiva e ansiedade por você desejar tanto parar de pensar para conseguir meditar. Portanto, se você puder prestar atenção nestes sentimentos que emergem enquanto pensa demais, isso já é espetacular! O aprofundamento vem com o tempo.


Práticas Diferentes


E atenção! Há uma grande diferença entre meditação e relaxamento! A palavra mindfulness, ou awareness, remete à atenção relaxada, sem tensões desnecessárias, o que é completamente diferente de práticas de relaxamento que orientam a soltar o corpo e as tensões para dormir, por exemplo. Uma meditação pode conduzir ao relaxamento, ainda que dormir não seja o objetivo principal.

Agora que você já tem uma ideia geral sobre o que é meditar, vamos passar algumas dicas que podem servir para qualquer prática iniciante. Se você, em algum momento, optar por meditar segundo uma tradição específica, como as da yoga, por exemplo, você aprenderá alguns detalhes particulares quanto à postura, mantras, entre outros aspectos. Mas por enquanto, vamos começar do princípio.


Como iniciar uma prática


Para praticar o mindfulness, não é preciso nenhum lugar especial, a atenção plena pode ser cultivada no dia a dia. Mas, para a prática diária da meditação, é interessante que você reserve um espaço da casa para isso. Pode ser um cantinho pequeno, o importante é que você o mantenha sempre limpo e preparado, imbuindo aquele espaço com a seriedade e importância da meditação. Por exemplo: independente de ter uma religião, você provavelmente já entrou em uma igreja católica.


Ao entrar, certamente você sentiu que sua disposição mudou, pois ali há uma regra social de se reservar em silêncio, introspecção e respeito maiores que em outros lugares fora dela. Então, ao separar o seu cantinho de meditação, direcione a ele este respeito e sacralidade. Não é algo religioso por si, poderíamos dar o exemplo de entrar em uma biblioteca também. Quando você respeita o espaço que definiu, fica mais fácil entrar na vibe ao iniciar a prática.


Com relação à forma de se sentar, pode ser em uma cadeira, um sofá, uma almofada, como achar mais confortável. O importante é que você possa ficar nesta posição sem dor por algum tempo, sem ser incomodado por dentro ou por fora. Se possível, e apenas se possível, sente-se com a coluna ereta e sem apoio do encosto da cadeira. As mãos não precisam de nenhum gesto especial, apenas relaxe-as em seu colo. De modo geral, não é recomendado apenas que você se deite, pois há mais chances de você dormir.

Você pode deixar os olhos fechados ou semiabertos, mas, novamente, é importante verificar se você não vai ficar com sono se deixá-los fechados.


Respirando para focar


Sobre a respiração, você pode respirar profundamente algumas vezes no início da meditação e depois respirar normalmente. Pode também usar a respiração como âncora. O foco ou ancoragem pode ser diferente a depender do tipo de prática que você está fazendo. Em uma meditação de atenção concentrada, como é a do zen, prestar atenção na respiração ajuda a não se deixar levar pelos pensamentos. Já em uma prática de mindfulness, a ideia pode ser de que a atenção flua pelas diversas sensações que se sente no momento, por exemplo.


Como dito antes, os benefícios são consequências. Por isso, foram deixados para o final. São efeitos colaterais positivos! Se você busca meditar por causa dos benefícios, você até pode conseguir muitos deles, mas certamente não vai descobrir mais profundamente o que é a meditação e até onde você pode ir com ela. Ainda assim, é muito importante falarmos sobre eles.


A ciência aprova os benefícios!


Hoje em dia temos muitos estudos científicos a respeito dos benefícios neurológicos, físicos, mentais e emocionais da prática constante da meditação: ajuda a ter maior concentração, o que reflete em diversas áreas da vida, inclusive na produtividade no trabalho; diminui a tensão muscular em áreas do corpo que não estão sendo usadas no momento, o que alivia muito o estresse do organismo e ajuda a manter a imunidade alta e a evitar problemas mais crônicos, como bursite, artrites, tendinites, hipertensão e outros; no nível neurológico e mental, a prática meditativa reduz a insônia, depressão e transtornos como pânico, TOC, ansiedade generalizada, estresse pós-traumático e TDAH; estimula maior resiliência, o humor fica mais leve e positivo e traz maior sentimento de autoconfiança e autoestima.


Para se ter uma ideia, são tantos benefícios, além dos citados aqui, que hoje o mindfulness é usado em programas de saúde, como o programa de Redução de Stress Baseado em Mindfulness, ou MBSR, desenvolvido no Centro Médico da Universidade de Massachusetts.


Viu só como meditar pode ser maravilhoso?

Espero que este post tenha esclarecido suas principais dúvidas acerca da meditação e como começar a praticá-la e utilizar a técnica a seu favor.


Até a próxima!

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